White Collar

Mãos ao alto: um compilado de séries policiais (parte 2)

Na primeira parte, escrevi sobre séries focadas nas equipes de polícia.

PARTE 2: PRESTANDO CONSULTORIA

Às vezes a polícia não consegue fazer o seu trabalho sozinha e precisa de uma ajuda especial. Pensando nisso, separei para vocês algumas séries policiais com consultores maravilhosos e que fazem as investigações ficarem um pouquinho mais interessantes e até mesmo divertidas. Nada de mãos ao alto dessa vez: é hora de arregaçar as mangas e participar das investigações, seja você um famoso detetive particular, uma antropóloga, um ladrão de arte ou até mesmo um anjo caído.

 

ELEMENTARY

Sherlock (Jonny Lee Miller) e Watson (Lucy Liu) investigando crimes na delegacia da polícia de Nova York.

Você já deve ter ouvido falar no famoso Sherlock Holmes, herói dos livros de Arthur Conan Doyle. É elementar que sua fama ultrapassa as barreiras do tempo e espaço e há diversas adaptações das aventuras do detetive britânico, tanto nas telonas, quanto nas telinhas. Entre elas, temos Elementary, série americana da CBS transmitida no Brasil pelo Universal Channel que está disponível na Netflix.

Diferente das histórias de Doyle, situadas na Inglaterra dos séculos XIX e XX, os casos da série criada por Robert Doherty se passam na Nova York dos dias de hoje. Em Elementary, Sherlock Holmes (Jonny Lee Miller) acaba de sair da clínica de reabilitação em que foi internado por seu pai, o magnata Morland Holmes (John Noble).  Para que seu filho não volte a consumir drogas, Morland decide contratar uma “acompanhante sóbria”, uma espécie de enfermeira, para viver com Sherlock durante sua volta a rotina, e Joan Watson (Lucy Liu) parece perfeita para isso.

Como parte de suas funções, Watson deve acompanhar Sherlock em suas atividades, o que inclui o trabalho de detetive particular e também de consultor na Polícia de Nova York. Já no primeiro caso prestando consultoria, a acompanhante se revela bastante talentosa ao se tratar das artes da dedução, o que em poucos episódios a faz considerar o trabalho de detetive e a atuação como parceira de Sherlock.

Alguns dos episódios são baseados nos casos criados por Doyle em seus livros e logo personagens clássicos – como Irene Adler, misterioso interesse romântico de Sherlock, Mycroft Holmes, irmão mais velho do detetive e Moriarty, o grande vilão – aparecem na série, sempre revelando detalhes do misterioso passado de Sherlock.

Como outras séries citadas na primeira parte deste compilado, a grande maioria dos casos são apresentados em um único episódio de aproximadamente 40 min, porém, geralmente há uma história maior que se desenvolve lentamente no decorrer de todos os episódios da série, e que apresenta mais da vida dos personagens principais.

 

WHITE COLLAR

Neal e Agente Burke sendo Neal e Agente Burke.

Se você já está um pouco familiarizado com séries policiais, deve conhecer a figura dos informantes: criminosos que secretamente auxiliam a polícia em suas investigações passando informações que conseguem nas ruas. Mas o que acontece quando o criminoso vira o parceiro do detetive?

Em White collar (Crimes de colarinho branco), criada por Jeff Eastin e transmitida pelos canais USA Network (EUA) e Fox (Brasil), o brilhante falsificador, vigarista, ladrão e artista Neal Caffrey (Matt Bomer), após fugir da prisão dias antes de sua pena acabar, decide fazer um acordo com a divisão de crimes de colarinho branco do FBI. Em troca de sua liberdade, ele aceita trabalhar com o Agente Especial Peter Burke (Tim DeKay), também conhecido como o investigador responsável pela prisão de Neal.

Enquanto Agente Burke é um homem correto, que gosta de manter e seguir as regras, Neal não consegue fazer nada sem dar seu jeitinho pessoal, que geralmente envolve mentiras, trapaças, roupas estilosas e um belo sorriso. Trabalhando lado a lado, a convivência dos dois é difícil, mas também cômica, e logo eles aprendem a trabalhar juntos. Na medida do possível, claro – afinal, ambos possuem segredos e vivem desconfiando um do outro.

Diferente das outras séries citadas, que investigam principalmente homicídios, White Collar, como o próprio nome diz, se trata de casos relacionados aos crimes de colarinho branco, que envolvem desde lavagem de dinheiro e roubos a banco até falsificação e tráfico de obras de arte. Admito que algumas coisas que acontecem na série são difíceis de acreditar, mas tudo é bastante divertido, criativo e até mesmo artístico.

No meio da conflituosa parceria de Peter e Neal e dos casos mirabolantes envolvendo milhões de dólares, estão outros agentes do FBI, como Lauren Cruz (Natalie Morales), Diana Berrigan (Marsha Thomason) e Clinton Jones (Sharif Atkins), a esposa de Peter, Elizabeth (Tiffani Thiessen), com seu coração enorme, e pessoas do passado (ou seria presente?) criminoso de Neal, como seu excêntrico melhor amigo, Mozzie (Willie Garson), a ladra de arte Alex Hunter (Gloria Votsis) e a misteriosa ex-namorada de Neal e responsável pela sua fuga da prisão, Kate Moreau (Alexandra Daddario).

O elenco, que conta com uma certa representatividade de diversidade (com personagens não-brancos e LGBTQ+), passa por diferentes configurações no decorrer das temporadas, mas nada muito drástico que atrapalhe o desenvolvimento da série. Os protagonistas são muito carismáticos, assim como os personagens recorrentes e rapidamente vamos nos apegando a todos.

O problema está aí. Você se apega inclusive a alguns bandidos e se vê torcendo para que Neal, Mozzie e Alex, por exemplo, consigam roubar uma coisinha aqui ou ali durante algumas investigações. Quando penso nisso abro uma porta que leva a repletos questionamentos sobre ética e moral… Mas, ah, na ficção pode, né?

 

LUCIFER

Lúcifer: “Vamos entregar algumas punições.”

Nem sempre nas séries os policiais gostam de trabalhar com consultores – a parceria pode se tornar muito estressante e as investigações podem se tornar um inferno. Mas não é isso o que acontece ao se trabalhar com o próprio diabo.

Na série da Fox criada por Tom Kapinos, Lúcifer Morningstar (Tom Ellis) está cansado, não quer mais trabalhar no inferno e decide se aposentar. E qual é o melhor lugar para o anjo caído curtir sua aposentadoria se não Los Angeles?

Tudo estava bem para o Senhor do Mundo Inferior: a boate que ele comanda na terra estava indo bem, muitos pecados rolando, os pactos estavam todos em dia, tudo na mais perfeita desordem infernal… Até a morte de alguém especial virar a sua vida de cabeça pra baixo e ele decidir fazer o que fazia de melhor enquanto ainda estava no inferno: punir.

Infelizmente para ele, as coisas na Terra não funcionam como “lá em baixo” e Morningstar decide seguir certas regras mundanas e ajudar – sem ser convidado – a Detetive Chloe Decker (Lauren German) a investigar o assassinato de sua amiga tão especial, tudo de uma forma bem peculiar. Graças a suas habilidades de persuasão, Lúcifer se mostra muito útil à Polícia de Los Angeles e logo se firma como parceiro/consultor de Chloe, que não gosta muito, mas acaba aceitando. O diabo acaba percebendo, porém, que a detetive causa um efeito sobre ele que nenhum outro ser humano é capaz de causar, e que pode colocar em risco todos os seus planos de aposentadoria.

Ele deveria então se afastar, certo? Ao menos é isso que sua melhor amiga e também antiga moradora do inferno, Mazikeen (Lesley-Ann Brandt), acha. Mas toda a situação só deixa Morningstar mais curioso e ainda mais disposto a conviver e ajudar a detetive Decker.

Os casos são todos muito interessantes, mas o melhor da série é o alívio cômico trazido pelo próprio protagonista. Lúcifer não esconde de ninguém quem é, mas ninguém acredita nele, o que gera vários diálogos inusitados, divertidos e inteligentes.

Mas não são só crimes e piadas que sustentam essa série: há também muitos questionamentos, dramas familiares, trazidos principalmente pelo anjo Amenadiel (D. B. Woodside), segredos, casos de corrupção e sessões de terapia. Lúcifer pode ser a única série policial com elementos fantásticos nesse compilado, mas também é, para mim, a que mais traz conflitos humanos à tona. Se preparem para rir e chorar quando forem maratonar.

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