Star Trek 101: Um guia para quem está chegando agora

“Space: the final frontier. These are the voyages of the starship Enterprise. Its five-year mission: to explore strange new worlds, to seek out new life and new civilizations, to boldly go where no man has gone before.”

Espaço: a fronteira final. Estas são as viagens da nave estelar Enterprise. Em sua missão de cinco anos… para explorar novos mundos… para pesquisar novas vidas… novas civilizações… audaciosamente indo aonde nenhum homem jamais esteve.”

 

Há pouco mais de 50 anos, em 1966, estreava Star Trek, conhecida no Brasil como Jornada nas Estrelas. Criada por Gene Roddenberry e exibida durante três anos, a série teve 79 episódios e quase foi cancelada na segunda temporada, mas, graças a uma campanha de cartas feita por fãs, o show ganhou uma terceira – que, infelizmente, foi mesmo a última. Apesar do cancelamento, a série conquistou uma legião de fãs que continua mesmo após tanto tempo desde seu fim. O sucesso levou à criação de outras cinco séries de televisão e onze filmes, todos no mesmo universo, fazendo com que seja a série de TV com mais spin-offs da história. O mais recente, Star Trek Discovery, estreia agora em 24 de setembro e não sou a única bastante ansiosa para o lançamento.

Personagens de Star Trek dançando e comemorando.
Série nova chegando!

A série original (conhecida como TOS, sigla para “The Original Series”) conta histórias da tripulação da nave estelar Enterprise, que tem uma missão de cinco anos de exploração espacial. Os protagonistas já são velhos conhecidos da cultura pop: Capitão James T. Kirk (William Shatner), mulherengo, corajoso, imprudente e engraçadinho; Spock (Leonard Nimoy), primeiro oficial e oficial de ciências, é meio humano, meio vulcano, um povo alienígena que preza o racional acima do emocional (no entanto, em vários momentos conseguimos ver que ele não é tão puramente lógico como diz ou gostaria de ser); e, por fim, mas não menos importante, Dr. Leonard McCoy, ou Bones (DeForest Kelley), oficial médico chefe que se exaspera tanto com a impulsividade de Kirk como com o aparente desprendimento emocional de Spock, mas que no fundo adora e se preocupa muito com os dois.

Kirk, Spock e Bones.
Kirk, Spock e Bones, da esquerda para a direita.

Fora isso, temos vários outros personagens ótimos, como Nyota Uhura (Nichelle Nichols), oficial-chefe de comunicações, especializada em linguística, criptografia e filologia, além de ser ótima cantora. Ela foi uma das primeiras personagens negras em papel importante e participou de um dos primeiros beijos interraciais da televisão americana. Ela teve grande importância e influenciou muita gente, incluindo a atriz Whoopi Goldberg e a Dra. Mae Jemison, a primeira mulher negra a voar em um ônibus espacial, além de ter recebido um pedido de Martin Luther King Jr. para que ela permanecesse, quando considerava abandonar a série.

Nyota Uhura com a legenda "HELL YES".
Nyota Uhura, rainha.

Os episódios não têm uma continuidade muito rígida entre si, sendo na maior parte aventuras separadas que acontecem em um período próximo de tempo. Sendo uma série da década de 60, várias coisas parecem esquisitas quando vistas em 2017, como os efeitos especiais, principalmente por ser uma série de baixo orçamento. Mas, se você consegue passar por cima disso e se divertir com alienígenas meio cachorro, meio unicórnio, dá para aproveitar muito, além de dar ótimas risadas. A série traz ótimas discussões, tem boas aventuras e é bem irreverente.

Spock segurando um cachorro alienígena.
Spock segurando um espécime alienígena perfeitamente canônico.

Tem muita coisa que é possível falar sobre Star Trek, como a influência que a série teve em outros produtos da cultura pop e na vida real, o uso de tropos conhecidos em episódios (como troca de corpo, universos paralelos, viagem no tempo, pólen que diminui a inibição e por aí vai) e até mesmo um dos ships slash mais conhecidos (e um dos meus OTPs): Spirk, ou Spock/Kirk. Isso sem mencionar os filmes e séries spin-offs, além de documentários e afins. Mas tudo isso ficaria perdido em um post só, então esses assuntos ganharão posts próprios a serem explorados com calma mais para frente.

Spock e Kirk
Spirk <3

Com a série nova chegando, vale a pena aproveitar o tempo sobrando para ver pelo menos a série original e não chegar tão perdido. Caso não dê tempo para ver tudo, ou se quiser se concentrar nas coisas mais interessantes, separei 10 episódios que eu considero imperdíveis, separados por temporada:

 

Temporada 1

Episódio 05 – “Enemy Within”

É o episódio do cachorro unicórnio. Nele, um problema no teletransporte faz com que Kirk seja dividido em sua parte “boa” e sua parte “ruim”.

Não perca: o belo cachorro unicórnio presente aqui, além de explorar de um jeito legal essa coisa de termos características consideradas “do bem” e “do mal”.

 

Episódio 15 – “Shore Leave”

Os tripulantes da Enterprise estão em licença em um planeta e Dr. McCoy tem certeza que vê Alice e o coelho branco. Kirk acha estranho e resolve descobrir o porquê.

Não perca: aqui sou suspeita para falar porque Alice no país das maravilhas sempre terá um espaço no meu coração.

 

Episódio 22 – “Space Seed”

A Enterprise encontra uma nave com uma carga de 84 humanos em animação suspensa e precisa descobrir o que está acontecendo.

Não perca: aqui começa a famosa história de Khan. Se você não conhece, tá na hora de conhecer, até porque isso aparece em um dos filmes clássicos e em um dos reboots.

 

Episódio 24 – “This Side of Paradise”

Os tripulantes da nave chegam em um planeta onde Spock entra em contato com o pólen de uma planta que faz com ele se comporte de modo um pouco estranho…

Não perca: um dos muitos tropos que aparecem na série, o pólen que diminui inibições. Sou suspeita para falar porque também adoro as histórias onde o Spock mostra não ser tão racional quanto ele diz.

 

Episódio 28 – “The City on the Edge of Forever”

Bones entra em um portal do tempo por acidente e Spock e Kirk precisam resgatá-lo. Nos anos 30.

Não perca: viagem no tempo e figurino de época. Não tem como errar.

 

Temporada 2

Episódio 01 – “Amok Time”

Spock se sente muito mal, mas se recusa terminantemente a contar para qualquer pessoa qual o problema. A única opção aceitável é voltar para Vulcan para que o problema possa ser resolvido.

Não perca: Pon Farr – se não conhece, precisa conhecer. E Spock perdendo o controle, é só isso que vou contar.

 

Episódio 04 – “Mirror, Mirror”

Por um problema no teletransporte Kirk, Bones, Uhura e Scott acabam em uma dimensão paralela onde toda a tripulação é má e Spock tem um cavanhaque.

Não perca: personagens em dimensões paralelas, versões malvadas, ótimo para pensar de outro jeito sobre os personagens que a gente já conhece.

 

Episódio 15 – “The Trouble with the Tribbles”

A Enterprise é chamada para guardar uma carga de grãos e enquanto isso um mercador chega com uns bichinhos fofinhos, os Tribbles.

Não perca: mais alienígenas de baixo orçamento e uma história engraçadinha. É ótimo.

 

Temporada 3

Episódio 10 – “Plato’s Stepchildren”

A tripulação cai em uma armadilha e chega em um planeta onde os habitantes adotaram costumes gregos e possuem telecinese.

Não perca: um dos primeiros beijos interraciais da televisão e uma ótima discussão sobre poder.

 

Episódio 24 – “Turnabout Intruder”

Kirk é enganado e troca de corpo com Dra. Janice Lester, que planeja fica em seu lugar e comandar a Enterprise.

Não perca: Esse é o último episódio da série e, além da troca de corpos, a discussão aqui é muito interessante. A Dra. Janice Lester é um mulher em um mundo dominado por homens e viu muitas oportunidades lhe serem negadas por isso. Agora ela está cansada, mas ainda não desistiu e, temdo a oportunidade, resolve achar uma solução para o problema.

Aproveitem e como diriam os vulcanos: Vida longa e próspera.

Spock fazendo a saudação vulcana e dizendo "Live long and prosper".

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