#Queer52: The Five Stages of Andrew Brawley

Pera, será que eu devia, tipo, esperar um tempo pra escrever sobre esse livro? Meio que pra tentar pelo menos parar de gritar? Não? Tudo bem? Beleza.

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!!!!

MDDC que espetáculo de livro foi esse?! Que absurdo! Que tiro! Quero baixar a avaliação de todos os livros que eu já li na vida só pra poder dar a nota mais alta de todas pra essa delícia desse livro gostosinho cheirosinho coisa mais linda vontade de ter uma cópia física só pra poder abraçar e chorar nas páginas e gritar de amor pra sempre.

Pra quem não lembra, eu me dispus a seguir o #queer52, e contar como foi a leitura desses livros que celebram queerness de diferentes maneiras. Tem uma lista pré-formada de sugestões, pelos criadores do desafio, os sites YA Interrobang e The Gay YA, mas eu já tinha lido alguns títulos e resolvi escolher aleatoriamente títulos pra substituir os que eu já tinha lido. O livro que eu vou falar hoje é uma dessas substituições.

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Andrew Brawley tem um segredo. Mas tudo bem, porque todo mundo nessa história tem segredos. É só que, infelizmente, o segredo dele é tanto a coisa que o mantém vivo como a coisa que o mata. Ele se esconde nas sombras do hospital onde tudo terminou, e faz morada nele, metade pra se punir, metade pra buscar redenção.

Assim, faz morada no hospital literalmente. Drew mora no hospital.

A primeira cena do livro mostra um garoto em chamas. Entra aí Rusty McHale, a amável vítima que não merecia a tragédia que cai sobre ele, mas também tem seus segredos. Lembra? Todo mundo nessa história tem. Uns mais difíceis de manter a sete chaves que outros.

Enquanto o Drew adota a responsabilidade pelo novo paciente, Rusty, que chegou no hospital com queimaduras de terceiro grau, ele navega pelos corredores como um fantasma, trabalhando na lanchonete, e colecionando amizades com alguns enfermeiros, e com o Trevor e a Lexi. O Trevor e a Lexi são ambos pacientes internados da área pediátrica, com câncer. Eles são o mais próximo de melhores amigos que o Drew tem, e os segredos deles, embora eles também tenham, são óbvios pros olhos do Drew, o que faz com que ele os ame mais.

Ninguém sabe quem ele é de verdade. Ninguém sabe o que aconteceu. Nem mesmo a Vó Brawley, em coma no mesmo hospital. Mas pro Rusty, super-medicado com remédios pra dor, ele conta tudo. E aí o Rusty acorda.

Outros personagens incluem: a Morte/Miss Michelle, com seu terninho e olhos que perfuram, Arnold (ou melhor: Ah-nold), com suas piadas sem graça e livros clássicos, Steve-Jo-Emma, o melhor trio que você respeita, Padre Mike, que curte muito quadrinhos, e é claro, Nina, a melhor amiga do Rusty que ganharia qualquer concurso de encarar a pessoa por mais tempo sem piscar.

Assim, de verdade? The Five Stages of Andrew Brawley é uma história pesada. Tem alguns momentos difíceis de ler, e fica o aviso de gatilho: tem uma cena em que uma criança morre (duas, tecnicamente, mas na verdade uma [?]). Mas mesmo assim vale a pena, porque não é uma história sobre tristeza. É uma história sobre salvação. É sobre estar nesse momento super horrendo e obscuro e cheio de pensamentos de auto-flagelo, e aos poucos ir conseguindo reconstruir alguma coisa dentro de si. É também sobre perda e sobre amizade e sobre amor e sobre pequenos milagres.

É uma história muito do emocionante e delicada e poética. (E maravilhosa. E incrível. E!!!!!)

Ela é contada de um jeito especial também. Conforme a história vai se passando, o Drew conta que vem escrevendo e desenhando uma história em quadrinho. É uma história mórbida e sangrenta que tem como protagonista o Paciente F, um homem que foi sequestrado por uma organização que, sem explicação nenhuma, matou toda sua família e fez experimentos no corpo dele até que ele desenvolvesse uma consciência quase que onipresente, e conseguisse fugir.

A história do Paciente F e do Drew se misturam às vezes, e ela é contada — com os maravilhosos quadrinhos!!!!! — entre os capítulos. Elas são intrínsecas e precisam uma da outra, mais do que pelo fato do Drew ser o criador da narrativa do Paciente F. A gente precisa saber do Paciente F e do que motiva ele. É a única maneira de entrar de verdade na cabeça do Drew.

The Five Stages of Andrew Brawley entrou pro meu Top Livros Maravilhosos Que Eu Quero Reler Todos Os Anos™️. Eu mais do que recomendo: por favor leiam esse livro. E aí releiam. E aí leiam mais uma vez. E aí falem pra todos os amigos de vocês lerem. Que livrão.

 

Pontos de diversidade:

Personagens queer: 3

Personagens não-americanas/não-brancas: 1*

Personagens com transtorno mental/psicológico: 0**

Personagens com deficiência: ??? ***

= 4 pontos

* A personagem Morte/Miss Michelle não é descrita na narrativa como negra, mas nos quadrinhos ela é.

** Declaradamente diagnosticado nenhum é, porém todavia contudo o livro trata principalmente sobre TEPT (transtorno de estresse pós-traumático), mais de um personagem sofre com pensamentos suicidas, e contém outras sugestões de outros transtornos que outros personagens possam sofrer.

*** Bem difícil dizer ao certo, porque pela natureza da história, alguns personagens podem entrar ou não nessa categoria, e eu não me sinto apta a julgar.

 

Pontuação do livro: ★★★★★

✓ estilo de narrativa delicioso e cheio de poesia

✓ personagens dolorosos e amáveis demais

✓ diversidade (3 pontos pra cima eu já considero check)

✓ me fez chorar de verdade (!!!) chorei a vida socorr

✓ final muito mais do que satisfatório

 

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