Indicações de fã para fã: quando a fanfic vira filme

As produções audiovisuais estão presentes nas vidas da grande maioria dos fãs. Seja um filme original, uma série, um vídeo-clipe, um show ou uma adaptação, esses trabalhos chamam atenção dos fandoms que anseiam diariamente por eles.

Outra constante são as criações dos próprios fãs, como fanfics e fanarts, que expressam sua criatividade e seu amor produzindo e consumindo conteúdo sobre seus interesses de todos os cantos do mundo. Quando esses dois mundos colidem, muita coisa legal pode surgir.

Imagina uma fanfic AU que você ama se tornando uma série, ou aquela prequel que você adoraria que fosse cânone virando um curta, ou até mesmo achar uma adaptação daquele livro maravilhoso, mas que nenhuma produtora quis transformar em filme? Pois é, muitos produtores, diretores, e amantes do audiovisual estão realizando esses sonhos, utilizando seus talentos para enaltecer as histórias que admiram.

Claro que isso pode gerar alguns problemas. Alguns fãs de Star Trek, por exemplo, conseguiram arrecadar, através de uma plataforma de financiamento coletivo, cerca de um milhão e meio de dólares para a produção do fanfilm Axanar, uma prequel que se passa 21 anos antes do primeiro episódio de Star Trek. Com tanto dinheiro envolvido, os fãs produtores chamaram atenção da Paramount e da CBS, que detêm os direitos da franquia original. Os estúdios logo entraram com um processo contra os produtores de Axanar por violação de direitos autorais e propriedade intelectual, uma vez que o filme recebeu uma grande verba e obteve produção profissional.

As discussões acerca dos direitos autorais de produções de fãs não são tão recentes, mas o caso Axanar levantou questões que há muito caíram por terra e, por isso, vem preocupando tanto fãs quanto produtores de conteúdo.

Mas, vamos falar de coisas boas, não é mesmo? Vamos falar sobre as produções audiovisuais de fãs que, além de não possuírem nenhum problema judicial, são maravilhosas! Algumas vocês já devem conhecer, outras, nem tanto. De qualquer forma, vale ver (ou rever!) todos os itens da lista!

Vampire Academy: The Officially Unofficial Fan Series

Vampire Academy: O beijo das sombras foi a adaptação cinematográfica do livro homônimo de Richelle Mead. O filme, lançado em 2014, era esperado há anos pelos fãs da série literária, porém, recebeu duras críticas e não obteve o resultado esperado de bilheteria.

Sem o incentivo financeiro, a produtora Preger Entertainment, que detém os direitos autorais sobre a série de livros de Mead, desistiu de produzir as adaptações dos outros volumes de VA, mesmo após o esforço dos fãs em uma campanha para financiar a produção.

Porém, nem por isso o fandom desistiu de ver seus livros favoritos nas telas, nem que fosse apenas nas do YouTube. Nasceu, assim, a webserie Vampire Academy: The Officially Unofficial Fan Series, que no Brasil seria algo como: O beijo das sobras – A oficial/não-oficial série de fãs.

A fanserie é uma produção amadora, não conta com efeitos especiais, nem uma vasta equipe, mas os fãs tentam ser o mais fiel possível à história Richelle Mead. Apesar do amadorismo, o resultado é bem interessante, ainda mais pra quem é fã de VA.

Severus Snape and The Marauders

O potterhead que nunca quis um livro dos Marotos que atire o primeiro feitiço! Não é à toa que muitos fãs amam ler e escrever fanfics sobre a época em que os pais do Harry Potter estudavam em Hogwarts. Nos livros de Rowling, alguns detalhes sobre a época é revelada aos leitores por relatos de personagens, que sempre lembram dos Marotos como um grupo divertido, genial, algumas vezes rebelde, bem grifinórios, e que marcou a década de 70 na escola de magia e deixou um legado de brincadeiras e aventuras seguido pelo trio principal e também pelos gêmeos Weasley.

O pessoal da Broad Strokes Productions também são muito fãs desse período mágico e decidiram adaptar a versão deles dos marotos para o universo audiovisual com Severus Snape and The Marauders, que mostra o último dia de aula dos marotos e a relação dos quatro jovens com Snape, que, como os fãs de Harry Potter já sabem, não era das melhores.

Diferente da adaptação de VA, essa fanmade prequel de Harry Potter conta com uma produção muito mais elaborada, com uma caracterização incrível e efeitos especiais impecáveis.

O curta está disponível no YouTube com opção de legenda em português. No canal dos produtores, também é possível encontrar outra produção baseada no mundo de J. K. Rowling: The Greater Good, que mostra a batalha entre Dumbledore e Grindelwald narrada em As Relíquias da Morte.

The Lizzie Bennet Diaries

Idealizada e produzida por Hank Green e escrita por Bernie Su, The Lizzie Bennet Diaries (Os Diários de Lizzie Bennet) é uma adaptação em formato de webserie do clássico Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, livro favorito de Hank e sua esposa Katherine.

O enredo é basicamente o mesmo da versão original de Austen, porém, ao invés de se passar no século dezenove, os acontecimentos de TLBD ocorrem em pleno século XXI, com direito a vlogs, desabafo nas redes sociais, grandes empresas e desespero com TCC no fim da graduação. Praticamente uma fanfic AU no YouTube!

A história é narrada pela protagonista, Elizabeth, estudante de comunicação que usa o YouTube como diário para falar de seus projetos acadêmicos, sua família um tanto quanto peculiar, e seus novos vizinhos ricos.

A websérie fez tanto sucesso que Hank e companhia fundaram a Pemberley Digital, uma produtora de vídeos para a internet que adapta clássicos literários ao cenário contemporâneo. Todas as produções são muito divertidas, criativas e cativantes.

Além de The Lizzie Bennet Diaries, eu também tenho um amor por Emma Approved, a versão Pemberley de Emma, também de Jane Austen.

Ah, só um adendo: os rumores são de que uma nova produção envolvendo esses dois universos de Jane Austen está vindo aí e promete muita, muita emoção!

Dona Moça

A literatura brasileira não poderia ficar de fora dessa lista: Senhora, um clássico de José de Alencar, se tornou Dona Moça nas mãos talentosas da Adorbs Produções, e possui uma ideia bem semelhante a de The Lizzie Bennet Diaries.

Na adaptação, Aurélia Camargo, Lia, é uma empreendedora de sucesso: junto com sua melhor amiga, Fifi Mascarenhas, é dona da Dona Moça Eventos, a maior produtora de eventos de São Paulo. Para continuar fazendo um trabalho de excelência, Aurélia precisa contratar um assistente pessoal. Eis que um dos candidatos a vaga é seu antigo amor, Fernando, que a trocou por uma moça rica da alta sociedade e todo luxo que isso o proporcionava.

Contratar o ex como assistente enquanto ainda tem uma quedinha por ele e orgulho ferido? Quais são as chances de dar certo?

I didn’t write this

Ode, Arthur O’Shaughnessy

Com uma proposta um pouco diferente das citadas acima, I didn’t write this é uma iniciativa da roteirista, diretora e produtora Yulin Kuang, que define seu projeto como “basicamente, longos comerciais para aqueles que leem”.
Na série de vídeos, Yulin adapta excertos diretos de poesia e prosa, fazendo uso de metáforas visuais, narrações e outros tipos de abordagem. Ao fim de cada episódio, a roteirista/diretora/produtora também fala um pouco sobre o livro ou poema que ela se baseou e porque escolheu aquelas palavras para transformar em cenas.
Os vídeos são curtinhos, mas os resultados são maravilhosos, não só visualmente, mas também por conta de todo o significado. Até o momento, a playlist conta com onze peças, seguindo diferentes estilos e uma mais linda que a outra. As minhas favoritas são as adaptações de Fangirl, da Rainbow Rowell, e Ode do Arthur O’Shaughnessy, e, acredite, foi muito, muito difícil escolher favoritos.

Fangirl, Rainbow Rowell

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