Drakengard 3

Drakengard 3 e a saga de Zero

Drakengard 3, ou Drag On Dragoon 3, é o terceiro título de uma saga que leva o mesmo nome, lançado em comemoração ao aniversário de 10 anos do primeiro jogo. O jogo começa muitos anos antes da história original retratada em Drakengard 1 e 2. Além disso, a timeline de Drakengard 3 é completamente diferente dos outros jogos e alguns dos eventos não têm relação alguma com as histórias posteriores. Ele é pra PS3 e extras estão disponíveis para compra no site oficial da Playstation.

No começo, o jogo nos conta que o mundo que vamos conhecer era governado por reis tiranos, cujas exigências a população vivia em frequente conflito para atender. Um dia, cinco garotas, conhecidas como Intoners, abençoadas com o dom de controlar magia por meio de suas canções aparecem e eliminam os reis, tomando posse de suas terras. Por conta disso, cada uma fica responsável por cuidar de uma região específica do mundo, e as cinco passam a ser cultuadas como deusas, responsáveis por proteger as pessoas e manter o mundo em harmonia.

A protagonista é uma mulher chamada Zero, a mais velha das Intoners. Zero quer matar suas irmãs e, junto ao seu dragão, Mikhail, parte pelo mundo destruindo todos aqueles que se metem em seu caminho. É assim que descobrimos que, na verdade, são seis irmãs, e não cinco. A irmã mais forte de todas, One, decide juntar forças com as outras quatro para manter a paz e impedir que Zero complete sua missão.

A verdadeira motivação de Zero só descobrimos ao longo do jogo. A flor que nasce em seu olho direito prolonga sua vida e dá a ela uma força sobre-humana, tornando-a até mais poderosa do que One. Assim como as outras, ela consegue controlar magia com a voz ao cantar. Acaba ganhando o título de traidora por conta de sua missão, mas isso não a desencoraja – pelo contrário: de pavio curto e muito intolerante, ela não se importa com o que os outros podem vir a pensar dela.

Durante a história principal, só conseguimos jogar com a Zero. Às vezes podemos usar o dragão Mikhail para ajudar nas missões, mas não jogar com ele individualmente. No final do jogo, é possível comprar um pacote para jogar com as outras irmãs. Cada Intoner usa um tipo de arma diferente e suas histórias individuais são muito interessantes.

Nesse caso, você pode chegar até o nível 10 e cada nível desbloqueia um trecho de um diário, que pode ou não ser escrito por elas, assim como a arma que elas usam. Assim, você consegue equipar Zero com a arma das irmãs, o que te ajuda bastante, porque normalmente são as mais fortes. Os textos dos diários vão desde recibos de coisas compradas até depoimentos raivosos acerca das irmãs e de todo o resto que elas vivenciam. Tudo depende da natureza de cada Intoner. Da mais forte para a mais fraca, as cinco irmãs são: One, a líder que vive na cidade dentro da Catedral; Two, a mais alegre, que controla a região das areias; Three, obcecada por experiências em torno de mutações com coisas vivas, que comanda a floresta; Four, a única virgem das irmãs, que vive nas montanhas; e por último Five, a mais ambiciosa, que comanda a região dos mares.

Falando em natureza, apesar de serem deusas, todas têm algum defeito ou receio, o que as torna bastante humanas e, algumas vezes, até mesmo cruéis. Cada Intoner age de acordo com uma perspectiva e com uma motivação. No início, cheguei a achar que o jogo fosse traçar um paralelo com os sete pecados, mas não foi o que ocorreu.

Conforme avançamos no jogo e encontramos as outras irmãs, descobrimos que cada uma é acompanhada por um homem, conhecidos como Discípulos. Todas as Intoners, com exceção de Zero e One, precisam de um Discípulo para protegê-las e controlar a influência de seus poderes no mundo, e isso é feito por meio do sexo. É, isso aí. Mas fiquem tranquilos que nada disso aparece explicitamente no jogo, só piadas sexuais e comentários mais leves, o que o torna menos tenso e bem divertido! Elas respondem à altura as insinuações e não deixam barato, às vezes até mesmo invertendo a posição de assediadores dos Discípulos.

Essa, na verdade foi outra preocupação dos criadores do jogo. Eles não queriam que fosse totalmente pesado, e por isso se preocuparam em dar um tom engraçado aos diálogos e a certas situações da história, contrastando bastante com a violência dos combates. Eu, particularmente, achei genial e muitas vezes me vi alheia ao que estava fazendo no jogo, rindo dos diálogos entre Zero, Mikhail e os discípulos. Além disso, o jogo é maravilhoso também porque é o primeiro da série a ter uma protagonista mulher. Nos outros dois, o protagonista era homem e rodeado por personagens femininas secundárias, então foi muito bom ver essa mudança. Todas as personagens têm personalidades fortes e donas de si. Os desenvolvedores da franquia tiveram essa preocupação de não fazerem estereótipos ou representações de mulheres frágeis que precisam ser salvas por algo. Legal, né?

Voltando aos Discípulos, eles também servem como um canalizador para que elas possam invocar monstros sem que precisem fazer pactos e contratos. Da mesma forma que as Intoners precisam de um Discípulo para controlar os poderes delas, eles precisam delas para não perderem sua forma humana, que só é mantida por esse mesmo poder. Tidos como servos, eles podem concordar ou discordar do ponto de vista e das ações de cada Intoner, mas nunca se voltar contra elas, a não ser que sejam libertados do pacto que os une. Caso uma Intoner morra, eles têm que optar por seguir outra ou morrer junto.

Ao longo do jogo, conhecemos quatro Discípulos: o primeiro é Dito, um rapaz de natureza agressiva e sádica, acompanhando Five; depois Decadus, um homem de meia idade com tendências masoquistas, acompanhando Four; em seguida Octa, um velho extremamente pervertido, mas de bom coração, que acompanha Three; e finalmente Cent, o mais burrinho de todos, responsável por cuidar da Two.

Apesar do jogo ser de origem japonesa, o design foi inspirado no mundo medieval europeu e para isso os desenvolvedores escolheram o mesmo designer dos outros dois da série. O design das irmãs foi inspirado no (ótimo) anime Puella Magi Madoka Magica e cada uma tem um tema de roupa diferente. A ideia de tematizar o cabelo, roupa e olhos com uma cor foi uma forma de tornar mais fácil a identificação para quem estava jogando.

O que mais me chamou a atenção foi o cuidado e a atenção com a história dos personagens. Não só a trama do próprio jogo é muito bem pensada e instigante, como os diretores não hesitaram em dar material o suficiente para conhecermos todas as personagens. Nas novellas, com algumas páginas disponíveis no site oficial ou então comprando a edição de colecionador, podemos saber um pouco mais da vida de cada Intoner e Discípulo antes dos eventos da história. Tudo isso deu material para a criação de mangás e brecha para uma possível continuação, mas que ainda não foi confirmada.

Mas uma novidade que tem animado os fãs de Drakengard é o lançamento de Nier: Automata, o spin-off da série e que será lançado no início do ano que vem. O jogo tem na equipe algum dos colaboradores de Drakengard 2 e 3 e faz algumas menções às personagens da trama principal, interligando os dois mundos, e criando um universo muito maior para os amantes da série.

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